This text will focus on the literary, historical and biographic treatment of Napoleon in Portuguese poet and biographer Teixeira de Pascoaes’ Napoleon, published in 1940. In this work, Pascoaes puts forward an eccentric philosophical system that aspires to rebuild history in a particular way – in Pascoaes’ own words, Napoleon is “the saint of History”. But there is also a side to him that seems to stand out: Napoleon the man, double-sided as himself and Bonaparte, two entities that rewrite a personal and historic epic. Two main questions will be addressed in this context: i) what does it take for a well-known poet and thinker to construe, towards the end of his literary career, a complex biographical system in which Napoleon stands as its central axis?; ii) which consequences can be drawn from thinking, as Pascoaes does both implicitly and explicitly, that history is a form of literature?
Discutir-se-ão duas posições em relação ao processo de aquisição de crenças que, embora partam de um princípio análogo – o da impossibilidade de haver uma posição epistemológica fora do sistema de crenças –, chegam a soluções diferentes. Uma delas (a de Knapp e Michaels) defende que a Teoria da Literatura repousa em fracturas falaciosas e por isso é um projecto em falência; a outra (ou a leitura que dela fazem aqueles), de Fish, dissolve a indeterminação constitutiva da crença com um argumento histórico e proto-culturalista. Argumentar-se-á que esta discussão repousa numa série de equívocos, e que por isso nenhuma das soluções é inteiramente satisfatória.
A saída mais fácil para etiquetar um objeto que é, ao mesmo tempo, inclassificável e grande de mais para passar despercebido, costuma consistir numa colagem, nem sempre linear, desse objeto com o rótulo disponível mais cómodo e fácil de usar. No caso de Mário de Andrade, esse rótulo foi tomado emprestado, como seria natural, ao movimento modernista, no qual a sua influência foi notória, e reconhecida, quer na época pré, durante e pós-Semana de Arte Moderna de 1922, quer para a posteridade. Apesar do caráter notoriamente disperso e multifacetado da sua obra, a justiça da história que sobre ele foi feita consumou-se numa série de versões parecidas desse momento iniciático. Tendo em conta que a produção literária de Mário de Andrade se iniciou formalmente em 1917, que a glória (e a polémica) lhe tinham chegado justamente em 1922, com Paulicéia Desvairada e que, no entretanto, ele havia sido um elemento-chave em todas, ou quase todas, as vanguardas estéticas, literárias e culturais do Brasil, nada maisnatural. O Modernismo passou, então, a ser o corolário natural da actividade antecedente de Mário de Andrade e, emconsequência, o rótulo disponível mais fácil de usar. Acontece que uma série de factores sabotaram esta arrumação aparentemente consensual.
O que fazemos realmente quando propomos uma interpretação particular para um texto literário? E o que se segue desta pergunta? A Teoria da Literatura do século XX procurou responder a estas indagações por meio de uma robusta grelha de argumentos e justificações. Apesar da generosidade e das boas intenções, essas soluções afastaram-se progressivamente de uma noção ampla de interpretação. Procurar perceber o que falhou, e como, é um dos objectivos deste ensaio. Outro, por certo bem mais difícil, é o de tentar imaginar uma alternativa - epistemologicamente mais útil, hermeneuticamente mais satistatória., literariamente mais capaz